Uma vacina terapêutica está em desenvolvimento na Faculdade de Medicina da UFMG para tratar a dependência de cocaína e crack está entre os finalistas do Prêmio Euro Inovação na Saúde.
Segundo a Faculdade de Medicina da UFMG, o projeto completou com sucesso as etapas pré-clínicas, nas quais foram comprovados a segurança e a eficácia do tratamento da dependência, bem como a prevenção de complicações obstétricas e fetais resultantes da exposição à droga durante a gravidez em animais.
Atualmente, não existem tratamentos registrados em agências regulatórias para essas dependências. As alternativas disponíveis são terapias comportamentais ou medicamentos que têm uma função sintomática, ou seja, ajudam a tolerar a abstinência ou diminuir a impulsividade.
A vacina em desenvolvimento estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga em uma molécula grande, que não atravessa a barreira hematoencefálica. O professor Frederico Garcia, responsável pela pesquisa e do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina, explica: “Esse é um problema prevalente, vulnerabilizante e sem tratamento específico. Os nossos estudos pré-clínicos comprovam a segurança e eficácia da vacina nesta aplicação. Ela aporta uma solução que permite aos pacientes com dependência se reinserir socialmente e voltar a realizar seus sonhos”
Além do tratamento da dependência, a vacina também mostrou outra aplicação promissora nos testes com ratas grávidas. Elas produziram níveis significativos de anticorpos que impediram a ação da droga sobre a placenta e o feto. Os resultados indicaram menos complicações obstétricas, um maior número de filhotes e um peso maior em comparação com as ratas não vacinadas.
Essa vacina terapêutica, que tem sua patente depositada pela Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG, pode ser uma solução inédita na psiquiatria, oferecendo uma forma de prevenção primária de transtornos mentais, como a proteção aos fetos gerados por mães dependentes de cocaína que foram vacinadas.
Com mais de 18 milhões de pessoas consumindo crack e cocaína em todo o mundo, segundo o Escritório da ONU para Drogas e Crimes, e uma taxa de 25% de tornarem-se dependentes, o Brasil é o segundo maior consumidor dessas substâncias, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
O projeto já concluiu os testes pré-clínicos e busca financiamento para avançar para a próxima etapa, envolvendo testes com humanos. O professor Frederico afirma: “Até então, este projeto foi inteiramente desenvolvido com recursos governamentais. Para restaurar a liberdade das pessoas com dependência e prevenir as consequências fetais precisamos dar início nos estudos com humanos. Acreditamos que o prêmio Euro pode viabilizar esse sonho”
Para votar é necessário ser médico com registro em um dos países com participação da farmacêutica financiadora da premiação.
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