Chama-se ciclo do ouro, ou ciclo da mineração o período da história do Brasil em que a extração e exportação do ouro dominavam a dinâmica econômica da colônia. Esse período foi compreendido entre o final do século XVII e o final do século XVIII.
![Modo como se extrai o ouro no rio Das Velhas, Universidade de São Paulo](http://sousabara.com.br/wp-content/uploads/2013/08/ouro.jpg)
A cidade de Sabará nasceu da busca pelo ouro. No ano de 1674 teve início o povoado de Barra do Sabará, com a chegada do bandeirante Fernão Dias Paes e seu genro Manoel de Borba Gato (considerado o fundador do município). O arraial desenvolveu-se rapidamente e, em 1711, era elevado a categoria de Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará. Três anos após, em 1714, foi a Vila transformada em sede da extensa Comarca do Rio das Velhas, uma das quatro primeiras a serem criadas na Capitania das Gerais.
Sabará foi um dos núcleos de mineração da Província que mais ouro encaminhou a Coroa Portuguesa. Seus rios e lavras eram riquíssimos do precioso mineral. Tão intensa tornou-se a mineração nessas paragens, que o Governo Português aqui fez instalar a Casa da Intendência, para cobrança do “quinto”.
A atividade mineradora ocasionou muitas transformações para a Colônia (Brasil) e trouxe consequências internas e externas no plano político, social e econômico. Podemos alinhar como algumas consequências da mineração:
- o surgimento das inúmeras povoações (núcleos urbanos) no interior;
- crescimento populacional, decorrente de uma forte migração portuguesa e de outras partes do mundo;
- deslocamento do eixo social do Brasil colônia do litoral para o interior, o que levou a mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade de mais fácil acesso às regiões mineradoras;
- a sociedade torna-se mais complexa, surgindo atividades de trabalho livre como artesão, comerciantes, militares e funcionários;
- progresso cultural com o aparecimento do estilo barroco nas igrejas de Minas Gerais e os trabalhos esculpidos por “Aleijadinho;
- surgimento de reações contra a política fiscal (Revolta de Vila Rica e Inconfidência Mineira).
Fiscalização
Portugal exerceu sobre a exploração do ouro controle maior do que aquele exercido no açúcar. Um dos motivos é o fato de que, no decorrer do século XVIII, a economia portuguesa estava muito dependente da economia inglesa.
Assim, para recuperar sua economia, Portugal criou vários mecanismos de controle e fiscalização, como a Intendência de Minas e as Casas de Fundição.
![Antiga Casa de Intendência e Fundição do Ouro da Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará - Atual Museu do Ouro](http://sousabara.com.br/wp-content/uploads/2013/08/museu.jpeg)
A Intendência de Minas foi um órgão criado em 1702. Controlado pelo rei, a intendência tinha a função de distribuir terras para exploração do ouro, fiscalizar e cobrar impostos.
As Casas de Fundição, por sua vez, eram locais em que todo o ouro encontrado nas minas era transformado em barras para facilitar a cobrança de impostos.
Dentre os principais impostos cobrados sobre a exploração do ouro, podemos destacar o quinto, a capitação e a derrama.
Impostos
![Dobrão, maior moeda portuguesa corrente, cunhada em Minas Gerais entre 1724 e 1727](http://sousabara.com.br/wp-content/uploads/2013/08/dobrao.jpg)
Como vimos anteriormente, a coroa portuguesa lucrava muito com a cobrança de taxas e impostos. Assim, quem encontrava ouro na colônia deveria pagar o quinto. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição, que retiravam 20% do total e enviavam para Portugal.
Este era o procedimento legal e exigido pela coroa portuguesa. Porém, muitos sonegavam mesmo correndo riscos de prisão ou degredo, ou seja, a expulsão do país.
Outro imposto era a Capitação, valor cobrado por cada escravo utilizado como mão-de-obra na extração das minas.
Portugal cobrava de cada região aurífera uma certa quantidade de ouro, aproximadamente 1500 kg anuais. Quando esta taxa não era paga, havia a execução da derrama. Neste caso, soldados entravam nas residências e retiravam os bens dos moradores até completar o valor devido.
As cobranças excessivas de impostos, as punições e a forte fiscalização da coroa portuguesa provocaram reações na população. Várias revoltas ocorreram neste período, como a Guerra dos Emboabas, a Revolta de Felipe dos Santos, a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana.
Guerra dos Emboabas
A Guerra dos Emboabas ocorreu entre 1707 e 1709, em Minas Gerais e aqui nossa região mesmo de Sabará como Caeté. Dentre as causas, podemos destacar os embates entre paulistas e portugueses pelo direito de explorar ouro na região das minas.
Pelo fato de terem sido os primeiros a descobrir as minas, os paulistas queriam ter mais direitos e benefícios sobre o ouro que haviam encontrado.
Por outro lado, os portugueses – também denominados emboabas, ou forasteiros – queriam o direito de exploração do ouro e formaram comunidades dentro da região que já era habitada pelos paulistas.
Dentre os líderes estavam o bandeirante Manuel de Borba Gato, que chefiava os paulistas. O português Manuel Nunes Viana, por sua vez, chefiava os emboabas.
Dentro desta rivalidade ocorreram muitos conflitos e mortes que abalaram consideravelmente as relações entre os dois grupos. No fim, foi criada a capitania de São Paulo.Em breve faremos um artigo com mais detalhes da guerra dos Emboabas.
Conclusão
![Igreja da Matriz de Sabara](http://sousabara.com.br/wp-content/uploads/2013/08/igre.png)
Vários são documentos vivo da opulência da era do ouro Templos do Carmo, de Nossa Senhora da Conceição, de Nossa Senhora do Ó, bem como a Casa da Intendência, entre outros, assim como outras construções que o tempo fez desaparecer.
Destruíram-se várias dezenas de prédios, entre os quais destacam-se, pela importância documentária, as Casas Nobres da Rua do Fogo, que pertenceram ao comendador Abreu Guimarães.
Referência: