Acessório que, aparentemente, não representa nenhum risco a saúde, os anéis são responsáveis por ocorrências que envolvem cerca de 480 atendimentos por ano no Hospital João XXIII (HJXXIII) , da Rede Fhemig, maior hospital de pronto Socorro da América Latina que fica em em Belo Horizonte.
Artigo de uso comum entre mulheres e homens das mais variadas idades, os anéis são os protagonistas de casos que requerem a sua retirada devido ao inchaço (edema) dos dedos (seja das mãos ou dos pés), em geral causado pela inadequada utilização do acessório. Os acidentes são mais frequentes em mulheres jovens, mas há um número considerável de casos envolvendo homens.
Pequeno, mas perigoso
O médico cirurgião do HJXIII Luiz Antônio Paulino ressalta que, em média, o ambulatório de sutura do hospital atende cerca de 40 casos por mês. Paulino afirma que o uso de anéis traz consigo o risco da perda do dedo uma vez que o inchaço causado pelo uso incorreto pode provocar a alteração da circulação. Assim, o médico recomenda a compra do objeto observando-se a medida correta.
Como primeira ação a ser adotada, antes mesmo de se chegar ao hospital, é importante manter o braço elevado acima da altura do ombro por alguns minutos para que o dedo vá desinchando. Sempre que perceber alguma ferida na região entre o dedo e o anel, é recomendável a retirada do acessório antes que aconteça algum processo inflamatório. Também deve ser evitado o uso de anéis de aço, pois eles são mais difíceis de cortar, caso seja necessário.
Técnicas de retirada
São várias as técnicas para a retirada dos anéis nessas circunstâncias, o uso de cada uma delas vai depender das condições do dedo atingido. Desse modo, pode ser utilizado fio de sutura (nylon) enrolado ao dedo, alicate especial para corte do anel e o método, atualmente mais empregado pelo HPS, da fita feita a partir de esparadrapo dobrado e introduzido no espaço entre o dedo e o anel com a ajuda de uma solução oleosa que permite o deslizamento do anel, o que evita cortar o acessório. Todavia, a adoção das técnicas que não implicam no corte do anel ficam impedidas nos casos de presença de ferimento, fratura ou luxação do dedo inchado.
Passo a passo para a utilização da técnica do esparadrapo
1º:Corte uma tira de esparadrapo de aproximadamente 20 cm de comprimento por 3 cm de largura. Caso não tenha esparadrapo, utilize uma fita de tecido ou até mesmo aquelas utilizadas para enfeitar embalagens de presentes.
2º:Dobre o esparadrapo ao meio (de forma que a fita fique com 1,5 cm de largura) para que a pele não tenha contato com a cola.
3º:Coloque a fita entre o anel e o dedo com o auxílio de uma espátula de madeira ou outra objeto semelhante que não seja pontiagudo.
4º: Puxe a fita de modo que as duas extremidades fiquem do mesmo tamanho.
5º: Lubrifique o dedo utilizando solução oleosa como óleo mineral, vaselina ou óleo de cozinha, isto facilitará o deslizamento da fita sobre o anel.
6º:Com uma mão segure a fita puxando-a em direção a ponta do dedo e girando a fita no sentido horário. Use o seu polegar e o indicador para empurrar o anel auxiliando a sua retirada.
Símbolo de afeição
Apesar dos riscos, um número significativo de pessoas insiste em manter os anéis ainda que apertados, pois estabelecem uma relação afetiva com o objeto. Muitas vezes, eles representam a lembrança de alguma pessoa com a qual têm ou tiveram uma relação de afeto. Todavia, é de bom senso utilizar formas alternativas para usar o uso do anel sem, necessariamente, colocá-lo no dedo. Uma possibilidade é utilizá-lo em uma corrente como se fosse um pingente.
Disseminar o conhecimento
Para facilitar a assistência nos casos de anéis que se prendem ao dedo, o médico da Rede Fhemig acredita que é importante os profissionais dos postos de saúde serem treinados para a adoção das diversas técnicas, pois não é incomum a chegada de pacientes ao Hospital João XXIII, principalmente durante a madrugada, ou após terem percorrido os postos de saúde e/ou unidades de pronto atendimento cujos profissionais não dominam a metodologia.
Via Agência Minas