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Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

  • Descrição

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Sabará é uma das mais exuberantes talhas da arte barroca mineira, sendo considerada uma das mais ricas matrizes do século XVIII. A igreja apresenta três naves, o que a diferencia das demais matrizes mineiras, e é uma das mais antigas igrejas do estado de Minas Gerais.

Histórico

A atual igreja de São Francisco foi construída por provisão datada de 6 de julho de 1772, em substituição à primitiva capelinha dedicada a Nossa Senhora Rainha dos Anjos, onde se fundou, em 1761, a Arquiconfraria do Cordão de São Francisco. Sua construção iniciou-se por volta de 1781, desconhecendo-se, entretanto, a autoria do projeto. As obras aceleraram-se entre 1798 a 1805, porém, em 1822 ainda se trabalhava nas obras de cantaria, conforme se depreende do relatório de visita de Dom Frei José da Santíssima Trindade daquele ano. A ornamentação interna não chegou a se completar, levando-se em conta as proporções grandiosas do templo. Conforme indica a documentação existente na Arquiconfraria, os materiais empregados na construção, como a pedra, a cal, a madeira e a pedra-sabão vieram de localidades próximas, tendo trabalhado nas obras, dentre outros, o carpinteiro José Ferreira de Brito (1798), o pedreiro Manuel da Costa Lima (1804/1805), João Fernandes de São Tiago (1805), mestre pedreiro Leonardo de Moinhos, responsável pelos paredões da frente e do lado direito, e Domingos Pinto Coelho, autor dos trabalhos da talha de pedra realizados em 1822, bem como das imagens de São Francisco e de Santo Antônio. A imagem de Nossa Senhora das Dores é de autoria de Antônio Pereira dos Santos e Manuel da Costa Torres é autor do sino grande da igreja.

Apresenta planta tradicional, composta por partido retangular em duas secções, a primeira, de maior largura, correspondente à nave, ligeiramente acrescida nos flancos da fachada pela presença das torres sineiras, e a segunda à capela-mor, sacristia e corredores. A fachada, em alvenaria de pedra, apresenta cunhais, cimalha e enquadramento dos vãos em cantaria. Possui frontão ondulado entre torres quadrangulares, arrematadas em forma piramidal, duas seteiras e sineira vazada em cada flanco. A porta principal, em folhas almofadas, é encimada por nicho e emblema de cantaria, tendo ao alto, no nível do coro, duas janelas em forma de balcão.

Internamente, a nave possui paredes de alvenaria de pedra, enquadramento dos vãos em cantaria, piso de tabuado liso, teto de tábuas lisas com pintura simples. Nela encontram-se dois altares embutidos, bastante simples, em madeira pintada. Os balaústres em madeira torneada constituem um detalhe de interesse. No arco cruzeiro, de cantaria, ficam dispostos dois púlpitos guarnecidos por parapeito gradeado de ferro. A capela-mor apresenta piso em campas, tribunas laterais com grade de madeira torneada, destacando-se no forro pintura decorativa representando Nossa Senhora Rainha dos Anjos e figuras dos Evangelistas. O altar-mor, com pintura simulando colunas, é encimado por composição simbólica alusiva a São Francisco. Ladeiam a capela-mor, dois corredores com paredes parte em adobe, parte em pedra, que levam até a sacristia, atrás da capela-mor. Sobre a sacristia, um segundo piso corresponde ao consistório. A igreja possui boas peças de imaginária, cabendo destacar o Senhor Morto, São Francisco de Assis, Nossa Senhora Rainha dos Anjos, além dos expressivos santos de roca existentes em nichos da sacristia.

Texto extraído de: Barroco – 8. Livro Belas Artes – Iphan.

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